24 de outubro de 2012

Algoritmos




Porque já versificava Rudyard Kipling...

Se podes conservar o teu bom senso e a calma no mundo a delirar, para quem o louco és tu... Se podes crer em ti com toda a força de alma quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu, trilhando sem revolta um rumo solitário...

Se à torva intolerância, à negra incompreensão, tu podes responder subindo o teu calvário com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...
Se podes dizer bem de quem te calunia... Se dás ternura em troca aos que te dão rancor (Mas sem a afectação de um santo que oficia nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...

Se podes esperar sem fatigar a esperança... Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho... Fazer do pensamento um arco de aliança, entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...

Se podes encarar com indiferença igual o triunfo e a derrota, eternos impostores... Se podes ver o bem oculto em todo o mal e resignar sorrindo o amor dos teus amores...

Se podes resistir à raiva e à vergonha de ver envenenar as frases que disseste, e que um velhaco emprega eivadas de peçonha, com falsas intenções que tu jamais lhe deste...

Se podes ver por terra as obras que fizeste, vaiadas por malsins, desorientando o povo, e sem dizeres palavra, e sem um termo agreste, voltares ao princípio a construir de novo...

Se puderes obrigar o coração e os músculos a renovar um esforço há muito vacilante, quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos, só exista a vontade a comandar: "- Avante!"...

Se, vivendo entre o povo, és virtuoso e nobre... Se vivendo entre os reis, conservas a humildade... Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre são iguais para ti à luz da eternidade...

Se quem conta contigo encontra mais que a conta... Se podes empregar os sessenta segundos do minuto que passa em obra de tal monta que o minuto se espraie em séculos fecundos... Então, a ser sublime, o mundo inteiro é teu! Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!... Mas, ainda para além, um novo sol rompeu, abrindo o infinito ao rumo dos passos teus.

Pairando numa esfera acima deste plano, sem receares jamais que os erros te retomem, quando já nada houver em ti que seja humano, alegra-te, então, meu filho, pois serás um Homem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário