29 de janeiro de 2014

No editorial do jornal pangaláctico de hoje...



Você, humano. Sim, você mesmo. Você deve urgentemente transpor velhas barreiras e vencer as aparências. 

Quando vocês dizem "todos somos de uma única raça, a humana" - recapitulando as palavras utilizadas por um certo Einstein na papelada que preencheu ao exilar-se nos EUA (Raça?, lhe perguntaram; "HUMANA", ele escreveu) - deixam subentendido que a cor da pele, o sexo, a crença, toda e qualquer diferença da individualidade, são detalhes humanos e, como detalhes, estão inseridos no conceito de HUMANO, mas não podem superá-lo.

Isso, se não sabe, é ontológico e, sendo ontológico, está na base, na raiz da questão.

Significa dizer que um "negro" ou um "branco" não é (essencialmente) um negro ou um branco, porque cor de pele não define a sua humanidade; e sim, que ele É UM HOMEM e que a cor da sua pele é escura ou clara. Significa dizer que uma lésbica não é uma lésbica, porque o que ela faz com o seu sexo não define sua humanidade; e sim que ela É UMA MULHER e que a sua orientação sexual, quando perguntado, é 'homossexual'.

Significa dizer, enfim, o que uma criança humana é capaz de entender à perfeição:

Que todos vocês são HUMANOS e, sendo humanos, TODOS têm os mesmos direitos humanos.

No dia em que compreenderem essa simples verdade, toda e qualquer separação deixará de existir, porque de obsoletas.



Recapitulação do dia: a anedota do diabo e a verdade.


 
Certa vez, o diabo encontrou a verdade e a dividiu em vários pedaços, para que os homens, de posse de cada um dos pedaços, se julgassem, cada um em separado, donos da verdade.

Lição?

Separar (a verdade) para dividir (o Homem) não é uma boa. Separar (a verdade) para conhecer suas partes e, depois de conhecidas, entendidas como parte de um todo: SIM.


17 de janeiro de 2014

Mirror, mirror...



Para ver a tirinha no tamanho original, clique na imagem.


E no rodapé uma outra tirinha, onde: 

1. o pastor homofóbico e racista é salvo por um médico gay, assessorado por uma enfermeira negra e um anestesista ateu;


2. a apresentadora de tv "neoconservadora" (WTF é esse neologismo, afinal?) é resgatada por uma prostituta, um mendigo e um manifestante de um estupro coletivo cometido por playboys, filhinhos de empresários da raça ariana;
 

3. o político conservador homofóbico recebe os primeiros socorros de um ateu gay, o tratamento que o impedirá de morrer, de uma feminista lésbica, e o conforto espiritual de um transexual puto...

... puto por ter-se criado a mais absurda ironia, sem agregar à ela nenhum elemento cômico.

15 de janeiro de 2014

Imagine dragons



Depois do eco ainda vibrante de "Into the West" e de "May it Be", nas vozes das divas Annie Lennox e Enya, respectivamente, é a vez de Ed Sheeran abrilhantar o repertório musical da saga tolkeniana, em O Hobbit.   


Com todas as assimetrias de adaptação que tio PJ possa ter cometido, e cometeu, O Hobbit: A Desolação de Smaug é lindo. Nada como Senhor dos Anéis, eu insisto, mas tão mágico quanto, se não mais. Há um dragão e esse, meu amigo, é o mais belo exemplar criado para as telas até a presente data, e, talvez, por um longo tempo após - ali, sob camadas de escama impermeável, no brilho acobreado do olho reptiliano, a equipe de PJ conseguiu o feito único até então de refletir uma alma em desolação, arrefecida em milênios de maldade embrionária.

"... e se vamos morrer, então morreremos juntos. Ergamos as taças de vinho pela última vez!"

E em pensar que tudo isso, o 'universo tolkieniano', nasceu da cabeça de um homem apaixonado pela mulher que escolheu para si e pelos filhos. Todas as histórias mais belas nascem, de fato, de amor.

Aos jovens leitores que aqui chegarem, digo-vos: é preciso ler o início do todo, é preciso beber das águas eternas de O Silmarillion, a Fonte de Tudo.

Depois de milênios de esquecimento, os mitos retornam com Tolkien, mais fortes, plenos de um sentido que nem mesmo os que lhe deram origem teriam. Ele nos deu uma mitologia, a mais bela já construída por um homem, de presente.

Dos legados por ele deixado, esse, sem dúvida, foi o maior: 

ESPERANÇA.



Tolkien não ficaria insatisfeito, será?  Quiçá até sorrisse.

Oh, misty eye of the mountain below
Keep careful watch of my brothers' souls
And should the sky be filled with fire and smoke
Keep watching over Durin's sons

If this is to end in fire
Then we shall burn together
Watch the flames climb higher into the night
Calling out father, oh, stand by and we will
Watch the flames burn on and on
The mountainside

And if we should die tonight
Then we should all die together
Raise a glass of wine for the last time
Calling out father, oh
Prepare as we will
Watch the flames burn on and on
The mountainside

Desolation comes upon the sky

Now I see fire
Inside the mountains
I see fire
Burning the trees
And I see fire
Hollowing souls
And I see fire
Burning the breeze
And I hope that you remember me

Oh, should my people fall then
Surely I'll do the same
Confined in mountain halls
We got too close to the flame
Calling out father, oh
Hold fast and we will
Watch the flames burn on and on
The mountainside

Desolation comes upon the sky

Now I see fire
Inside the mountains
I see fire
Burning the trees
And I see fire
Hollowing souls
And I see fire
Burning the breeze
And I hope that you remember me

And if the night is burning
I will cover my eyes
For if the dark returns then
My brothers will die
And as the sky's falling down
It crashed into this lonely town
And with that shadow upon the ground
I hear my people screaming out

Now I see fire
Inside the mountains
I see fire
Burning the trees
And I see fire
Hollowing souls
And I see fire
Burning the breeze

I see fire (oh you know I saw a city burning)
(Fire)
And I see fire (feel the heat upon my skin) (fire)
And I see fire (fire)
And I see fire (burn on and on the mountainside)


11 de janeiro de 2014

Juro que não fui eu, foi Einstein!





 Então, você não gosta de determinada atividade, a bem da verdade ela não te faz um puto bem. Você vive com a biles em estado ad aeternum de erupção, os nós dos dedos, as 'juntas' do corpo em perene inchaço e atrofia, um nível de estresse de fazer inveja a... não, não faria inveja ao mais orgulho masoquista. E você sente, com todas as suas forças intuitivas, herdadas de suas ancestrais bruxas do tempo antes da lua, que está livre para escolher outro caminho e que as leis karmicas compensatórias parecem calar como quem diz: "vai lá, você escolhe a sua próxima provação...", por que continuar se martirizando? Não, não e não! Caia fora desse inferno assim que puder! Você não é um mártir e se um dia optar ser ou irremediavelmente, fatalmente for apontado pelas circunstâncias a sê-lo, que seja por uma causa maior, e não por uma atividade que não vale a pena, a saúde, as vezes nem o dinheiro ganho.

Vai que existe mesmo um pote de ouro do outro lado arco-íris se você se der uma chance de cruzá-lo? Coragem é pouco para fazê-lo, as vezes é de uma cavalar dose de loucura que estamos falando: só mesmo um "louco" para trocar um certo, ainda que broxante, por um duvidoso ponto luminoso no fim de um... come on! Arco-íris!! Mas sim, pequena Judy Garland, sempre foram 'pontes' para outras realidades possíveis. O único "porém" que as vezes..., bueno, sendo francos não só as vezes, mas a totalidade delas, é preciso largar o que se tem de "certo" para atravessar a ponte e só então segurar o pote do outro lado.

Aquele emprego "de merda" que parece exercer o abominável efeito de um buraco negro, "chupando" - e não no sentido mais sexy e politicamente incorreto do conceito libidinoso contido no verbo "chupar", senhores e senhoras - o que há de mais criativo e motivacional do seu ser; aquela relação estupidamente maçante ou não-se-sabe-porque de tão enervante, que se tornou o seu personal cativeiro domiciliar, sem esperança que a justifique - porque Esperança saiu de férias... permanentemente -; aquele estilo de vida "démodé", perdão, de fato "de-merdê", ao qual você se apegou e nem sabe por que, se é que algum dia se preocupou em saber; tudo, enfim, que se assemelha a uma prisão para qual a chave (oh, estupor!) é você... engula essa: você que tem opções..., sim, você que tem opções que muitos outros custam a vida inteira para alcançar ou morrem sem um vislumbre sequer..., VOCÊ não é obrigado a se tornar um projeto tosco de pseudo mártir, your son of bitch! Se tem oportunidade de melhorar sua condição, cai de alma! Os mais ousados nem esperam a oportunidade, já vão jogando o anzol!

Reclames blasébundablablaistas só enchem o ego de si mesmos... o problema é que o ego deles conflita com os interesses do seu próprio. Portanto, quer mesmo saber? Se vira. Sim, se vira! Mexa-se, por amor a si mesmo! Saia em busca daquilo que faz sentido, que sopre vida pulsante pra dentro do seu pequeno pântano de horrores, mesmo que não faça um puto de sentido para os outros (eles que também se ocupem em arrancar os baobás do seu próprio planeta!). Ao menos uma vez, eu insisto, arrisque!

Ao menos, pessoas que saem por aí, atravessando 'pontes' para "comer, rezar e amar" aliviam o peso de uma atmosfera astral carregada de sofrimento, de marasmo e de muitos, muitos mesmo, restos humanos.

Blastoise, putos!


8 de janeiro de 2014

Diz-me com que Caudas e dir-te-ei quem Alice!





Disse o gato
     para o rato:
         - Façamos um
            trato. Perante
                 o tribunal eu
               te denunciarei.
           Que a justiça se
     faça. Vem, deixa
    de negaça, é
      preciso, afinal,
           que cumpramos
                  a lei. Disse o
                  rato pro gato:
            - Um julgamento
           tal, sem juiz
        nem jurado,          
          seria um
             disparate.
                  - O juiz e o
                     jurado serei
                                  eu, disse 
                               o gato. E
                         tu, rato, réu
                       nato, eu
                     condeno
                       a meu 
                             prato.


Poema "Cauda", de Lewis Carroll, em 'Alice no País das Maravilhas'. 
Tradução de Augusto de Campos.