28 de abril de 2013

Qual é o seu tipo?


Não é de hoje que os departamentos empresariais de recursos humanos utilizam métodos de análise psico-comportamental para compreender de forma mais objetiva e assim avaliar o tipo de personalidade do futuro empregado. Um desses métodos é chamado de Myers-Briggs Type Indicator (MBTI), elaborado por Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers, mãe e filha, que dirigiam uma fábrica nos EUA durante a 2ª Guerra Mundial, e tiveram que contratar mulheres para ocupar o lugar dos homens convocados para o front. Impelidas pelo novo contexto, a dupla Briggs Myers, que conhecia o trabalho de Jung sobre os arquétipos da personalidade, pensou em desenvolver um indicador que pudesse perceber o tipo psico-comportamental  e, assim, encaixa-lo em diferentes tipos psicológicos, para daí entender, senão todas mas algumas das expectativas e características individuais já descritas por Jung. Surge, então, a seguinte classificação:

Primeira dimensão do tipo de personalidade: como interagimos com o mundo, de onde extraimos e para onde dirigimos a energia mental:

Tipo E - Extrovertido
Extrai sua energia quando interage com outras pessoas.  
Prefere concentrar sua energia no mundo externo das coisas e nas pessoas.

Tipo I - Introvertido
Capta energia passando o tempo sozinho
Prefere concentrar sua energia no mundo interno das idéias e no pensamento.

Segunda dimensão do tipo de personalidade: como percebemos ou assimilamos informações (o que atrai a atenção do pensamento: na objetividade, subjetividade, no que já é, no que poderá ser?): 

Tipo S - Sensorial
Normalmente dá mais atenção aos fatos e detalhes. 
Tende mais ao realismo e ao pragmatismo.

Tipo N - Intuitivo 
Busca entender as conexões, significados e implicações.
Tende mais ao pensamento abstrato, imaginário e criativo. 

Terceira dimensão do tipo de personalidade: como tomamos decisões e chegamos às conclusões (em que nos baseamos: se mais no raciocínio lógico ou nos valores pessoais e sentimentos).

Tipo T - Pensador
Geralmente, decidi objetivamente, pesando prós e contras.  
Valoriza a lógica e a justiça, um padrão para todo.

Tipo F - Sentimental
Decide tomando por base o sentimento e como os outros serão afetados.  
Valoriza a empatia e a harmonia e visualizam a exceção para a regra. 

Com o tempo, já na década de 70, o psicólogo americano David Keirsey, lança o livro “Please Understand Me” ("Por favor, compreenda-me"), em que apresenta os subgrupos acima como Temperamentos. Não diferente de vários filósofos, como Galeno, Platão e Aristóteles, o modelo de Keirsey utiliza 4 temperamentos distintos, e da combinação de seus resultados apresenta 16 16 Tipos de Personalidade. Nesse modelo, Keirsey une a teoria de Jung sobre as personalidades, o critério desenvolvido por Katherine e Isabel Myers Briggs bem como a sua idéia de um indicador, e a concepção dos 4 temperamentos há muito abordada por filósofos e pela Psicologia. Definidos os tipos, tem-se o seguinte padrão:

Como fluimos mentalmente:
E - Extrovertido   
I - Introvertido

Como coletamos informação:
S - Sensitivo
I - Intuitivo

Como decidimos:
T - Racional
F - Emocional

Como agimos em relação ao mundo exterior
J - Julgador
P - Perceptivo

Da combinação dos 4 temperamentos, surgem os 16 tipos de pessoas:

Sensorial Perceptivo (chamados Artesões) – Tipos: ISFP, ESFP, ISTP, ESTP

ISFP – The Artists (composers) / O compositor
ESFP – The Performers (igual) / O Artista
ISTP – The Mechanics (crafters) / O Artífice
ESTP – The Doers (promoters) / O Promotor

Sensorial Julgador (chamados Guardiões) – Tipos: ISFJ, ESFJ, ISTJ, ESTJ

ISFJ – The Nurturers (protectors) / O Protetor
ESFJ – The Caregivers (providers) / O Provedor
ISTJ – The Duty Fulfillers (inspectors) / O Inspetor
ESTJ – The Guardians (supervisors) / O Supervisor

Intuitivo Sentimental  (chamados Idealistas) – Tipos: INFP, ENFP, INFJ, ENFJ

INFP – The Idealists (healers) / O Idealista
ENFP – The Inspirers (champions) / O Defensor de Causas
INFJ – The Protectors (counselors) / O Conselheiro
ENFJ – The Givers (teachers) / O Professor


NT: Intuitivo Pensador  (chamados Racionais) – Tipos: INTJ, ENTJ, INTP, ENTP

INTJ – The Scientists (mastermind) / O Cérebro-Mestre
ENTJ – The Executives (fieldmarshals) / O Marechal
INTP – The Thinkers (architets) / O Arquiteto
ENTP – The Visionaries (inventors) / O Inventor

Segue, em português, a descrição dos Tipos elencados:  
Lembrando que todos pensam e agem nos 16 níveis, não há um padrão pois não somos padronizados como máquinas e sistemas. O objetivo geral do método avaliativo é perceber o impulso maior de cada pessoa, aquilo que nela mais predomina. Outro fator é a capacidade do indivíduo 'alterar' o seu Tipo, na medida em que vai se transformando: uma pessoa que, numa determinada fase da sua vida, foi avaliada como Tipo INTJ, por exemplo, poderá, em outra época, "encaixar-se" em outro Tipo (no meu caso, já fui bem mais ENTP, e hoje estou mais para INTP).

Dito isso, que tal fazer o seu próprio teste gratuitamente, em português? Basta acessar o site www.inspiira.org

Para quem sabe inglês ou quer se aventurar tentando, os sites são www.keirsey.com e www.mbti.com








Fontes: 

13 de abril de 2013

Aconteceu no Agreste, há 24 anos, a Globo televisionou e a gente reprisa


- Êta! Que surpresa!

- Eu preciso falar muito contigo.

- Oxente, fale, ora...

- É em particular.

- Pois fale! Ih... pela cara, já vi que o assunto é sério.

- É sobre essa... esse seu procurador. Como é que tu vai fazer uma coisa dessa com a cidade. Atenta dessa maneira contra a lei de Deus!

- Com que direito que tu enche a boca de ar e fala nas leis de Deus? Que lei é essa? Onde é que tá escrito, me diga? Por acaso Deus lhe passou procuração pra agir em nome dele? 

- Tieta, tu não pode achar que um homem que se veste de mulher é uma coisa normal!

- Oxente, é a roupa que importa? É a aparência? Aos olhos de Deus é a aparência que importa ou é o caráter?

- Não foi isso que eu quis dizer... Não é só a roupa, é tudo.

- Tudo o que, cabrito, me diga? Fale de uma vez, a censura já acabou!

- Tieta, um homem é um homem, uma mulher é uma mulher. Deus criou o sexo com o papel definido, uma função. 

- Oxente... e quem não se enquadra nesse papel definido e nessa função, tu acha que a gente deve fazer o que? Afogar no mar? 

- Não. A gente deve dar todo tipo de ajuda pra essa pessoa se corrigirem.

- E o que é isso "se corrige"?

- Ora, pra que essas pessoas se  tornem normais como todas as outras!

- Normal...? Nós, sinceramente, me diga... de perto alguém é normal? 

- Tieta, a gente é normal!

- Ah! Aos teus olhos! Teus olhos! Porque de fora, essa gente toda nos condenaria se soubesse do nosso amor... o nosso amor não é um amor normal. 

- Tu não pode comparar a gente com Linete.

- Oxente, por que não?

- Tu acha que alguém seja como ela, tão diferente dos padrões?

- O que é que tu chama de padrão de comportamento? Cardo, o que é tu quer? Que todo mundo seja igual? Que se comporte do mesmo jeito? Que siga as mesmas regras? O ser humano não foi feito por decreto. Que é isso...? E eu lá sou máquina por acaso? A gente sai da fábrica, tudo bonitinho, enfileiradinho, assim, um atrás do outro, tudo exatamente igual, é isso?

- ... Não, eu não acho que todo mundo é igual.

- Mas acha que todo mundo tem que se comportar do mesmo jeito. Não admite que uma pessoa não viva dentro do jeito que tu considera normal.

- Mas ela é muito diferente...

- Mas é diferente por que, Cardo? Ah, a gente não pode julgar as pessoas desse jeito. Quem é tu pra julgar? Quem sou eu pra julgar os outros?

- Tieta, a gente vive numa sociedade.

- Numa sociedade que quer que todo mundo se comporte do mesmo jeito, que não aceita que uma pessoa siga seu impulso, que faça o que a natureza manda.

- Mas não pode ser assim. Imagina como seria se as pessoa saissem por aí, seguindo seus impulsos.

- Cardo, quando tu largou o seminário, tudo não táva seguindo um impulso? Se tu tivesse continuado naquela vida, táva até hoje infeliz. Então, cada um tem seu próprio impulso, tem que respeitar a liberdade dos outros. Se não, quem vai respeitar a tua?

- Tu tá comparando de novo.

- Tô, tô. Porque eu sou tua tia, tu é meu sobrinho, a gente se ama escondido porque os outros não aceitam o nosso tipo de amor. Se essa cidade inteira soubesse, ia nos condenar do mesmo jeito que condena Linete. E tu acha que o nosso caso ia dar certo?

- Claro que não...

- Então, Cardo... por que que tu quer que condenem Linete? Tu acha certo condenar Linete? Abra um pouco o seu coração e aceite as pessoas como elas são. Aí elas vão te aceitar como tu é.  E não venha com esse papo de que é normal, porque normal ninguém é. No fundo, no fundo, todo mundo tem um segredozinho escondido, um pecado, uma mania, uma tara. Sei lá, hahaha! Quem não tem vontade de mandar tudo se explodir e seguir o seu impulso, mas não faz porque tem medo do que o povo vai dizer? Aí vive reprimido, vive infeliz, como tu vivia antes de aceitar o nosso amor, não é? 

- ... Mas Tieta, você é uma mulher, eu sou um homem. Tá no Evangelho: crescei e multiplicai-vos. 

- Oxente... é só pra isso que sexo serve? Pra multiplicar? Então a gente vai pra cama só pra reproduzir, Cardo? É isso? Não é pra ter prazer? Ah... Cada um que encontre a sua maneira de ter prazer, de amar, de viver! Só porque não é igual a tua maneira, tu vai achar que tá errada? Se tu não entende, tu julga. Vai julgar, vai condenar? Ah, Cardo... abra seu coração, sua cabeça.

- Eu preciso pensar. É novo demais pra mim. 

- Pense, pense bastante. E não tenha medo de voltar atrás, de se arrepender. Não é vergonha nenhuma, muito pelo contrário, é sinal de coragem. 

- Eu vou pensar, tô muito confuso. Boa noite.

- Vá lá.





Aconteceu em 1989, em outra realidade 'global', 
quando ainda havia mídia inteligente (?)