25 de dezembro de 2016

Nota_de_rodapé_natalino.2016





Não que Jesus tenha nascido em 25 de dezembro, como nasceram alguns dos deuses antigos antes dele. Mas mesmo que ele tenha nascido na metade do ano, como leva a crer o censo romano realizado naquela época, a reflexão continua valendo.

Jesus, o bom mestre, veio ao mundo para iluminar as trevas da ignorância espiritual. O homem falou as claras sobre reforma íntima - que ela, mais que o saber de cor as tábuas da lei, é a chave para a evolução -; falou sobre caridade, solidariedade, fraternidade, sobre ser justo e bom; estabeleceu o amor e a verdade como os dois pesos da mesma balança; sabendo que palavras tem menos poder que gestos, foi lá e deu o exemplo: dividiu o pão, a companhia, o pensamento, a paz interior com criminosos, prostitutas, agentes do governo, com leprosos, mulheres e crianças, com doentes do corpo e do espírito (ele mesmo disse, estava ali pelos enfermos, todos os tipos). O homem usou de axiomas que até hoje suscitam debates, foi um revolucionário não só no campo das idéias mas no pragmatismo das ações ao recomendar a mudança radical de certas posturas - idéias e posturas que causaram escândalo aos 'senhores da verdade universal' e que 2000 anos depois continuam importunando, basicamente, qualquer um - alguém certa vez disse que se tivéssemos seguido os preceitos de Cristo, a perspectiva de uma sociedade comunista não precisaria ter sido pensada.

Uma mente assim é uma relíquia, um colosso, a pedra filosofal de uma vida digna, onde não precisaríamos sobreviver um ao outro mas aceitar um ao outro, uma vida de valores e não de preços, um mundo de consciência.

Mas então o que o humano fez com ele? Julgou-o como um criminoso mais detestável que um ladrão ou um "agitador das massas", ou um assassino. Julgou, condenou, sentenciou e executou como o homem mais perigoso. O que não deixa de ser verdade, vá: uma pessoa que ensina e demonstra valores e posturas que ameaçam o modelo padrão de ignorância, medo e ódio é dos "males" o maior. E agora cá estamos: 2000 anos de crucificação diária, as lições de Jesus continuam sendo um perigo, quiçá até mais porque hoje os pagãos e os ateus não são o problema e sim os que se dizem "cristãos".

Os que se dizem cristãos, não os que são. Pois quem é verdadeiramente cristão não busca o ódio como fonte de alimentação e não o espalha; se compraz na justiça, nunca na iniquidade; leva o diálogo e a conciliação; não dissemina discórdia, mas semeia união, o entendimento mútuo; respeita e aceita as diferenças, abraça e trata como igual os diferentes, lavando as mãos de todo julgamento; é honesto, prefere a verdade à mentira, tem paciência com quem dela precisa; tenta praticar o perdão para não se tornar presa do ódio, que mina o bem estar; não usa de hipocrisia ou de falsidade; não inferioriza o outro e sim o incentiva a superar-se; é pessoa de ação, não se acomoda frente as mudanças necessárias que visam o bem maior; enxerga melhorias, age com ética e desprendimento; faz o que é certo, bom e justo, mesmo que a sociedade tripudie ou o condene; tem empatia pelos sofridos e desolados, socorre a quem precisa com o que dispor; inclui pessoas, busca a equidade proporcional, trabalha o espírito de cooperação; sugere, instrui, convida, jamais obriga, mas deseja sempre o melhor a quem segue o seu próprio caminho; seu discurso é racional e espirituoso, desperta ânimo para as boas práticas, reacende a esperança, dá sentido aos elevados valores esquecidos...

Sendo francos, se hoje os que se dizem cristãos tentassem pôr em prática 10% do que Jesus ensinou - e demonstrou com seus atos -, não estaríamos tão ruins - e piorando. Com apenas 10%, por exemplo, haveria bem menos intolerância, bem menos preconceitos e ódio; haveria um pouco mais de ponderação, discernimento, de troca de idéias e não de farpa. Grande parte da população mundial teria uma vida menos indigna com apenas 10% dessas práticas... e a outra parte teria bons exemplos a seguir.

Nesse Natal cristão, de uma Era de Ferro que caminha para a sua totalização, o que VOCÊ tem a oferecer que os não-cristãos, ateus e agnósticos já não o façam?

No que as cores da sua alma se diferenciam?

Fica a reflexão:
Se Jesus batesse a sua porta, você o receberia como quem recebe o maior amigo, fecharia a porta por não reconhece-lo ou fugiria de casa por temê-lo?

Feliz RENASCIMENTO, brotelos. Tem mais 364 dias pela frente!