20 de junho de 2013

Até que cordeiros se tornem leões








"Existe um perigo. Não se apaixonem por vocês mesmos. Estamos nos divertindo aqui, mas lembrem-se: carnavais vêm fácil. O que importa é o dia seguinte, quando temos que voltar para vidas normais. Haverá alguma mudança? Eu não quero que vocês se lembrem desses dias, sabe, como “oh, éramos jovens e foi lindo”. Lembrem-se que nossa mensagem básica é “é permitido pensar sobre as alternativas.” (…) Existem questões realmente difíceis que nos confrontam. Nós sabemos o que não queremos. Mas o que queremos? Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes nós queremos? Lembrem-se, o problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema. Ele te força a ser corrupto. Cuidado não apenas com os inimigos, mas também com falsos amigos que já estão trabalhando para diluir esse processo. Do mesmo jeito que você pode ter café sem cafeína, cerveja sem álcool, sorvete sem gordura, eles vão tentar transformar isso num inofensivo protesto moral. Um protesto descafeinado."

(Slavoj Žižek at Occupy Wall Street)
 


- "Que organização social pode substituir o capitalismo? Que tipo de novos líderes queremos?" Você também sente, não é? O "aperto" e ao mesmo tempo aquele comichão que desespera feito um louco dizendo a toda hora: PRA ONDE VAMOS DAQUI?! PRA ONDE VAMOS DAQUI?!"

- Sim, esse "aperto" é global. Países que ninguém talvez tenha cogitado no passado se tornarem "rebeldes", como a Turquia e o Egito... simplesmente viraram a mesa e gostaram da sensação. Cresce a insatisfação até mesmo entre estadunidenses e hoje, mais que nunca, começam a questionar entre si um pouco a cada vez: "O QUE, MERDA, ESTAMOS FAZENDO AFINAL CONOSCO... COM O MUNDO?!"

- Qual o resultado disso tudo? Consegue divisar?

- Francamente? Só sei o que quero pra mim. Não consigo visualizar esse todo dentro de como eu quero as coisas pra mim. Talvez por isso também eu entoe o discurso de que "é mudando o homem que se mudará o mundo". O mundo é grande demais... o homem é um bom começo. Mas...

- Mas?

- Objetivamente, a concretude dos fatos falará por si. Subjetivamente, talvez resulte em algo mais... um tipo de "quebra de inércia" que, por mais "fogo de palha" que possa ser, segundo uns, reverbera não só na história mas na memória particular e de grupo. Foi, de qualquer forma, uma sacudida, e talvez seja disso que precisamos: de sacolejos esporádicos. Quando até mesmo os sonhos apodrecem... qualquer movimento dado pela alma é bem vindo.Talvez, e só talvez... seja o subjetivo coletivo, mais que o objetivo, o grande necessitado. A própria auto-estima agradece. 

- Isso dá um ensaio psico-comportamental e filosófico imenso. Mas objetivamente também vale lembrar: quando pessoas-cotidiano se dão ao "trabalho" de, pelo menos, questionar e, uma vez enxergando mais longe por se permitirem voar mais alto, conspiram um plano conspiratório contra 'a conspiração sistêmica'... isso é bom.

- Oh, sim, isso é bom! Na falta de algo melhor, o corpo e a mente agradecem o 'movimento'. Para o Alto e Avante!







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