10 de novembro de 2012

V... de Verdade



Enquanto isso, nas proximidades de Betelgeuse, em um ponto Anonymous...:





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Bom dia, Londres. Primeiro, desculpem a interrupção. Eu, como muitos de vocês, aprecio os confortos do dia-a-dia, a segurança do familiar, a tranqüilidade da rotina. Gosto disso como todo mundo. Mas no espírito da comemoração em que eventos do passado associados à morte de alguém ou ao fim de uma luta terrível são comemorados com um belo feriado, pensei em marcar esse 5 de novembro, um dia que, infelizmente, já foi esquecido, aproveitando um pouco do tempo de vocês para bater um papo.
Há aqueles que não querem que falemos. Desconfio que estejam dando ordens ao telefone e homens armados virão logo. Por quê? O governo pode usar violência em vez do diálogo. Mas as palavras sempre manterão seu poder. As palavras oferecem um significado e, para aqueles que ouvem, a enunciação da verdade. A verdade é que há algo terrivelmente errado com o país. Crueldade e injustiça, intolerância e opressão. Se antes você tinha liberdade de se opor, pensar e falar quando quisesse, agora você tem sensores e câmeras obrigando-o a se submeter. 

Como isso aconteceu? Quem é o culpado? Há alguns mais responsáveis que outros e eles vão arcar com as conseqüências mas, verdade seja dita, se procuram culpados basta vocês se olharem no espelho.

Eu sei por que vocês fizeram isso. Sei que tinham medo. Quem não teria? Guerra, terror, doença. Uma série de problemas se juntaram para corromper sua razão e afetar seu bom senso. O medo dominou vocês e vocês recorreram ao novo alto chanceler Adam Sutler. Ele prometeu ordem. Prometeu paz. Tudo o que ele pediu em troca foi seu consentimento silencioso.

Ontem, tentei dar um fim ao silencio. Ontem eu destruí o Old Bailey para lembrar ao país o que foi esquecido. Há 400 anos, um grande cidadão quis gravar o 5 de novembro para sempre em nossa memória. Ele queria lembrar ao mundo que imparcialidade, justiça, liberdade são mais que palavras, são perspectivas. 

Então, se vocês não viram nada, se desconhecem os crimes deste governo, sugiro que deixem o 5 de novembro passar em branco. Mas se vocês vêem o que eu vejo, se sentem o que eu sinto e se buscam o que eu busco peço eu estejam ao meu lado daqui 1 ano na entrada do Parlamento e juntos daremos a eles um 5 de novembro que nunca, jamais será esquecido.

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... Na mesma fração de continuum espaço-tempo, no diário de bolso de um mascarado auto-nomeado Rorschach...: (Clique nas imagens para amplia-las).









 


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Como todos os mais de 7 bilhões de terráqueos devem saber, V de Vingança (V for Vendetta, no original) é uma adaptação da Graphic Novel homônima, publicada entre 1988 e 1989 pela empresa DC Comics. Escrita pelo genial Alan Moore e ilustrada pelo não menos formidável David Lloyd, a história do anárquico V (de Visceral) ganhou vida filmográfica no ano de 2006,  pelas mãos dos irmãos Wachowski, que produziram a película, e pela direção de James Mcteigue. 

O filme segue à Graphic Novel em sua abordagem contestatória dos valores políticos e sócio-culturais da Sociedade Capital, porém de forma muito mais suavizada em relação à história per si, contada pelo declaradamente anarquista Alan Moore. Compreensível, aliás, que o tenham feito: Hollywood prefere Dom Quixote a Guy Fawkes. Suficiente dizer que, enquanto no filme o controle estatal é menos marcante que no roteiro original, na Graphic Novel esse mesmo controle e o próprio sistema lembram algo do sufocante e impressivo universo huxleyano de "Admirável Mundo Novo". 

Em que pese a suavização da linguagem (questões culturais e comerciais, insiera aqui ........ sua opção) e as limitações impostas pelo 'timing' (2h de filme nunca poderiam comportar os 10 volumes de história), a essência do argumento parece vibrar a mesma mensagem do "Free your mind, free your soul", como pilar do processo revolucionário de libertação ideológica, potencialização da consciência de grupo e valorização da individualidade. Parece? 





 

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