17 de novembro de 2012

E se você fosse Ninguém?


'E se não fosse assim? E se fosse de outro jeito?', é o que, quase sem querer, quase sempre querendo, nos perguntamos, uma vez aqui, outra acolá. De "E se" em "E se" pode-se montar um moisaco de algoritmos. Algo parecido ao que o diretor e roteirista Jaco Van Dormael fez no drama de ficção científica belga/ francês/ germano/ canadense "Mr. Nobody", em 2009, ao "brincar" bem sucedidamente com o "caos" e a "aleatoriedade" do Efeito Borboleta na Teoria do Multiverso (realidades paralelas), de acordo com a Teoria M das 11 dimensões superpostas e antigas filosofias e doutrinas como o Taoísmo e o Budismo, para nos falar de escolhas e de possibilidades humanas.


O filme, aclamado nos circuitos cult da crítica de arte e aplaudido em festivais europeus como o 66º Festival de Veneza, traz um argumento complexo o suficiente para confinar o filme no "ostracismo do cinema intelectual", se não fosse pela própria complexidade do argumento. O que é, no mínimo, contraditório, não? Não em se tratando de Mr. Nobody... Que conta a história de Nemo (em latim, "Ninguém"), personagem do bem disposto Jared Leto, que acorda com 118 anos em um mundo onde os humanos descobriram a "fórmula da imortalidade". Sendo a última pessoa a morrer de velhice, Nemo é atração de um reality show, que o acompanha em seus dias finais. A vida de Nemo, o "sem nome", é uma incógnita para esse mundo e logo inicia-se uma tentativa de descobrir quem Mr. Nobody de fato é, através da indução hipnótica e de entrevistas. No entanto, o passado de Nemo, ou o que quer que seja, revela-se tão confuso quão misterioso é seu presente.

Valendo-se de narrativas diferentes, contextualizadas de forma não linear, Van Dormael projeta na tela um conjunto de trajetórias e seus prováveis desdobramentos dentro de um mosaico de realidades possíveis, a partir das escolhas recriadas por Nemo. Escolhas das quais fugiria se pudesse, uma vez que 'tudo se move a partir delas' e, com o movimento, sobrevém o efeito colateral do "Devir", sem determinação que lhe precise, sem freio de mão que o neutralize, sem volta que o contorne. Até que em dado momento, perto do fim (seria mesmo?), Mr. Nobody diz: "No xadrez, é chamado de Zugzwang ("enrascada")... quando a única alternativa viável é não se mover" e assim dizendo, como Fritjof Capra em "O Tao da Física", faz um paralelo com o pensamento budista que atesta:
  
"Quando a mente é perturbada, produz-se a multiplicidade das coisas; quando a mente é aquietada, a multiplicidade das coisas desaparece".
E com as palavras de Lao-Tsé, quando disse: 

"Através da não-ação, tudo pode ser feito".

Caos, aleatoriedade, entropia, o Efeito Borboleta, a Teoria M e a viagem no continuum espaço-tempo, humanisticamente transformados em prosa e verso a partir de sua principal referência, o homem. Para um filme que aborda os anseios e medos humanos tendo o relativismo paralelo como veículo, que usa o efeito borboleta dentro de cada possibilidade 'narrada', que pincela as 6 ou as 7 dimensões compactadas da Teoria M, lançando-nos a pergunta "Como poderemos diferenciar o real da ilusão?", estar velho ou estar jovem - e esse é o segredo - SÃO EXATAMENTE A MESMA COISA e NADA AO MESMO TEMPO. 

"Venha ver. É areia. O menino a está desfazendo. Ele não precisa mais. Antes, ele era incapaz de fazer uma escolha, porque não sabia o que aconteceria. Agora que ele sabe o que acontecerá, ele é incapaz de fazer uma escolha. 

O mais significativo de tudo? A gargalhada do protagonista ao ESCOLHER recuar-se no Tempo e, assim, "criar" mais uma possibilidade dentro de um universo de inúmeras delas. Cheshire, o GATO QUÂNTICO, aprova.

Mr. Nobody é assim mesmo: para uns,  um filme 'cabuloso', para outros, uma equação humana com pontos quânticos de interrogação e de exclamação. 

ÚLTIMAS PALAVRAS:

Este é o dia mais bonito da minha vida.
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E no "Ninguém Sabe Qual é a Resposta" de hoje...:




O que havia antes do Big Bang? Bem, não havia um antes. Porque antes do Big Bang, o tempo não existia. O tempo é resultado da expansão do universo. Mas o que acontece quando o universo pára de se expandir, e o movimento é reverso? Qual será o tempo natural?

Se a Teoria das Cordas está correta e o universo possui nove dimensões espaciais e uma dimensão temporal, então, podemos imaginar que no começo todas as dimensões estavam embaralhadas e, durante o Big Bang, três dimensões espaciais, as que conhecemos como alta, baixa e morte, e uma dimensão temporal, que sabemos que é o tempo, implodiria. As outras seis permanecem juntas.

Se vivemos num universo com tantas dimensões, como podemos fazer a distinção entre ilusão e realidade?

O tempo, como conhecemos, é a dimensão que vivemos, em apenas uma direção. Mas se as outras dimensões não forem espaciais, mas temporais? Se você mistura o purê de batatas e o molho, não pode separá-los depois. É para sempre. A fumaça sai do cigarro do papai, mas nunca volta a entrar. Não podemos voltar. Por isso é difícil fzer escolhas. É preciso fazer a escolha certa. Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível.

(...)

Por que a fumaça nuncap retorna para o cigarro? Por que as moléculas se separam? Por que uma gota de tinta derramada nunca se reforma? Porque o universo movimenta-se para um estágio de dissipação.

Esse é o principio da entropia, a tendência do universo de desenvolver-se para um outro estado de crescente desordem. O princípio da entropia está relacionado com a flecha do tempo, resultado da expansão do universo.

Mas o que acontecerá, quando forças gravitacionais não puderem equilibrar as forças de expansão?

Ou se a energia do vazio quântico se provar muito fraca?

Nesse momento o universo pode enfrentar contrações, o "Big Crunch".

Então, o que se tornaria o tempo? Tudo se reverteria?

Ninguém sabe a resposta.

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