16 de março de 2009

Sacais do tio Zara, parte II



Da Casa de Fräulein Joana, assim sarcasmizou a pequena Zarita:
 Sabe qual é o 'ó do borogodó'? O discurso de que dinheiro não traz felicidade. CLARO que não "traz", ele COMPRA! Em dólar, em euro, em libras esterlinas, em ienes, com juros e correções monetárias!  

Que me perdoem (ou me executem a pau e a pique) as almas de estoica consciência e as de hipócrita existência, mas, ah!, como eu gostaria de ser rica e infeliz! Desfrutaria a minha infelicidade existencial em uma existência de comodidades, regalias e desejos materiais saciados em tempo real (também em dólar, em euro, em libras esterlinas, em ienes)!

Choraria meus dramas em um transatlântico (de minha propriedade) e afogaria minhas nóias em uma caríssima taça de vinho, em Milão!

Fomentaria as minhas misérias existenciais lendo Sartre enquanto cruzaria os céus de Paris em um avião luxuoso (de minha propriedade), e invejaria a simplicidade das crianças numa das praias de Bahamas, de dentro de uma limusine elegantíssima (de minha propriedade)!


Sim, eu adoraria ser rica! Nem que para isso pagasse o "alto" preço de ser infeliz!"


A
ssim expeliu Zarita, do trono de porcelana da casa de Fräulein Joana, e assim registrou tio Zara nas fibras macias de um rolo compressor de papel higiênico.



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