Nos
64 anos de aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pelas Nações Unidas, em Assembléia
Geral datada de 10 de dezembro de 1948, a libertária, igualitária e fraterna
vovó DUDH lembra (pois de esclerosada nada tem), com muito pesar e certa dose
de resignação, as milhões de vidas humanas desumanamente ceifadas pelo próprio
homem, ao longo da história, em nome de... "Em nome de tantas coisas, meu
filho", diz vó DUDH, "E todas elas tão pouca coisa ou absolutamente
nada pelo que matar... Mataram e matam em nome de Deus, imagine você; em nome
da preservação do poder político, econômico, cultural, religioso, de gênero, de
cor, das tradições... escolha um, a história tem registrado "motivos"
de sobra."
Vovó
DUDH sabe bem, as negações de humanismo são muitas e diversas. Estão em todos
os lugares. Dentro dos lares, nas comunidades, na superestrutura
político-econômica.
Estão
nos privilégios concedidos, ao invés dos direitos garantidos em igualdade
universal; estão na injustiça e exclusão sociais; na exploração do homem pelo
homem em nome do lucro; na prescrição de preconceitos e formas ostensivas de
discriminação; na falta ou precariedade da educação; na degradação dos direitos
dos grupos vulneráveis; nos meios de reprodução ideológica; na banalização dos
valores familiares; na ignorância e desrespeito dos valores democráticos; em
todos os tipos de intolerância; em muitos tipos de conivência.
Se
os Direitos Humanos são direitos fundamentais, garantias naturais que a
condição humana confere e o homem reconhece, a “desumanidade” presente no homem
e externada em seus atos também faz parte de sua condição humana. Necessário,
pois, entender os Direitos Humanos como um projeto histórico em construção
dentro de um meio social contraditório, em conflito com a utopia de um mundo
“livre, igual e fraterno”.
Direitos
Humanos não são uma “concessão social”, mas exigem da sociedade, por ser o que
são, a sua tutela, consagração e resguardo.
Essa
consagração é parte de um processo histórico em construção, no qual todos,
homens e mulheres, são protagonistas: o processo “alquímico” de transformar a
utopia dos grandes valores humanos encerrados nos Direitos Humanos em
realização de alcance universal, em meio ao jardim selvagem da distopia
social.
Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito", assim chapou a pessoa de Fernando Pessoa, para quem quiser dissecar.
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