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O que é isso que você está lendo?
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Uma nota de rodapé.
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O que ela diz?
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Que o feminismo é o extremo oposto do machismo. Preceitua, de forma ampla e
abrangente, a isonomia dos direitos entre homens e mulheres. Direitos iguais
para ambos os sexos, sem distinção...
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Mas não é relativo?
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Qual parte?
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Direitos iguais para todos, indistantamente. Digo, direitos iguais sob o ponto
de vista de qual dos lados? Um exemplo: alistamento militar. Homens
obrigatoriamente se alistam; mulheres, não. Nesse caso, para efeitos de
isonomia, o que valeria? O homem ter o direito de recusar o serviço militar, ou
a obrigação da mulher de se alistar?
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Se homens ganham melhor que mulheres, desenvolvendo o mesmo tipo de
função e com o mesmo nível de capacitação profissional, o que seria justo para
ambos? Diminuir o salário do homem para equiparar-se ao da mulher, ou aumentar
o salário da mulher para equipar-se ao do homem?
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Dar o estritamente justo de acordo com a função desenvolvida e a capacidade
profissional, sem distinções.
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Ou seja, aumentar o salário da mulher para equivaler ao do homem, no desempenho
do mesmo cargo, função ou ocupação.
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... E o alistamento obrigatório seria opcional. Não por ser menos machista ou
mais feminista, mas por ser o estritamente justo para ambos.
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Isso seria "isonomizar": encontrar o denominador comum entre os
extremo, aquilo que se aplica na mesma proporção que se aplica ao outro.
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Mas e quanto às diferenças substanciais entre os sexos?
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Se refere ao psicossoma? Distinções orgânicas e psíquicas entre homens e
mulheres?
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Exato. Elas não contam?
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É aí que entra a 'relatividade' da aplicação do que é justo, pois a justiça
trata igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na proporção da sua
desigualdade. Trocando em miúdos, homens e mulheres são humanos e nisso
consiste o seu maior denominador comum, porém possuem diferenças elementares de
ordem orgânica e psíquica, que, por sua vez, influenciam a sua formação
cultural. Essas diferenças são consideradas, porque também elas fazem parte de
cada homem e de cada mulher.
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O que está me dizendo é que a "isonomização" dos direitos trabalha em
duas frentes: equipara homem e mulher, mas não descarta individualidade, com
toda a sua teia de singularidades.
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Holístico, não? Veja, quando falamos da igualdade de direitos, falamos
necessariamente de uma perspectiva universalista. Tome por axioma o nosso
universo. Ele é um conjunto de coisas visíveis e invisíveis. O fato dessas
coisas se diferenciarem umas das outras pela própria individualidade não torna
o universo menos universo, e sim o confirma. Agora imagine: um belo dia, nosso
universo se depara com outro universo e vê nele coisas diferentes das suas.
Porém, por saber-se universo e entender que o outro também é universo, nosso
universo compreenderá que essa diferença de coisas não o torna melhor ou pior
que o outro. São universos, em sua conjuntura. Universos de coisas diferentes,
em sua individualidade.
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O mesmo se aplica ao homem.
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A mulher.
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... A essa bifurcação de mão dupla que chamamos de humano.
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