Com a tão esperada confirmação da existência da, até então
hipotética, partícula-deus, a Boson de Higgs, um universo de realidades
teóricas passa a ganhar massa, volume e peso no universo de possibilidades.
Como se de um portal dimensional se trata-se, a toca de coelho para o País das
Psicodelias Quânticas tem um nome nada "suntuoso": Grande Colisor de
Hádrons (LHC). Essa gigantesca fantástica fábrica de aceleração de partículas
sub-atômicas que, como o Gato de Schrodinger, é, ao mesmo tempo, o Coelho
Branco, a Toca e O Maravilhoso Lado de Lá.
Localizado no CERN (Organização Europeia para a Pesquisa
Nuclear), em Genebra/Suíça, mais especificamente a 175 metros abaixo
do solo, o Grande Colisor de Hadrons justifica o título que tem com seus 27
quilômetros de circunferência, 116 metros de base, 12.500 toneladas de peso e,
para não dizer que só de ciência vive o homem, o seu "modestíssimo"
orçamento de bilhões.
Todo o investimento,
humano e financeiro, foi necessário para que as grandes mentes envolvidas no
projeto pudessem desenvolver uma máquina cujo desenho e perfomance permitissem
a aceleração de prótons até 99,9999991% da velocidade da luz, ocasionando
colisões de feixes de partículas, tanto de prótons como de núcleos de chumbo,
reproduzindo, assim, condições similares as do Big Bang e do que,
hipoteticamente, precedeu ao universo e originou o Cosmos.
O que muitos se
perguntam, no entanto, é para que serviu tanto investimento. Afinal, "se
Madre Teresa de Calcutá poderia ter empregado 500 milhões de doação na construção de hospitais e escolas - os quais não poderia manter -, mas optou por conventos para
realização de assistência social - livres de impostos -, por que investir bilhões para construção
e mais milhões e milhões para manutenção de algo que não alimenta, educa ou
cura, não é mesmo?"
Pois seus problemas
acabaram! O CERN da questão dispõe algumas das teorias aplicadas ou em vias de
se aplicar com a ajuda do LHC, e deixa para você o julgamento - não que importe
ou faça diferença real. Confira:
O MODELO PADRÃO DA FÍSICA DAS PARTÍCULAS
Fato é que o Modelo
Padrão que descreve a física das partículas (o "grimório" contendo o
"receituário" das partículas fundamentais constituintes da matéria, e
suas forças) é incompleto, por mais que dele venha se fazendo uso irrestrito.
Embora o Modelo-Padrão tenha acertado em predizer muitas questões referentes ao
comportamento das partículas, há muitas outras mais que não puderam ser
explicadas valendo-se dele, tais como a força gravitacional e suas
"facetas" interativas com as partículas, a tão falada matéria-escura
que preenche a "vacuidade cósmica", a produção e manipulação da
anti-matéria, o Tempo-Espaço... Com a confirmação de Higgs, é possível que a
Física e a Química Quânticas avancem nessas questões e tenhamos que abandonar
parte do Modelo-Padrão ou, na mais radical das hipóteses, assumir em seu lugar
um Modelo mais completo.
A ORIGEM DO UNIVERSO... DA VIDA E TUDO MAIS
Antes de se tornar
série de Tv, a Teoria "Bazzinga" do Big Bang (proposta pelo padre
cosmólogo Georges Lemaître),
já era famosa e aceita como a que melhor explica a origem do universo.
Segundo a Teoria, o universo atual teria se originado da explosão de energia
decorrente da concentração, contração e superaquecimento de matéria ("ovo
cósmico" ou "átomo inicial"), ao ponto de transmutar-se em
energia e, finalmente, após a explosão, nas formas-elementos presentes no
universo. De modo que, compreender o momentuum da colisão pode significar
ter acesso à chave da origem do 'universo, da vida e de tudo mais'.
Ao realizar colisões
sub-atômicas em níveis energéticos elevadíssimos, o Colisor de Hadrons torna
possível aos cientistas criar condições similares às do universo trilionésimos
de segundo após a Grande Explosão (Big Bang), registrando um "clone em
miniatura" do momento da criação.
BRINCANDO DE PULAR "CORDAS"
Em síntese, a teoria das
supercordas prevê 11 dimensões, incluindo as três dimensões elementares
(comprimento, altura e largura) e a quarta dimensão: a "imersão", o
que concebemos como "tempo".
Por que
"cordas"?
A teoria nasceu da
divisão dos átomos em partículas ainda menores, as elementares prótons,
neutrons e elétrons. Da divisão delas, os cientistas chegaram aos quarks e dos
quarks chegaram a mais seis categorias. Dessas, chegaram a mais a três, que,
quando combinadas, formam todos os tipos de partículas do universo até então
teorizadas. A questão reside no fato de que essa divisão pode continuar
infininitamente: afinal, mesmo se encontrarem a mítica partícula indivisível,
quem poderá garantir que ela também não seja divisível?
De divisões
infinitesimais a divisões mais infinitesimais, os físicos chegaram ao
seguinte raciocínio: as partículas elementares, como quarks e elétrons, seriam
filamentos unidimensionais vibrantes, e não pontos-partículas sem dimensões. A
esses filamentos, constituídos por energia, deram o nome de "cordas",
pois ao vibrarem, como as cordas de uma harpa, em diferentes 'tons' (sobre os
quais é bem possível que os maias, "Senhores do Tempo", tenham
abordado em seu Tzolkin), originariam partículas subatômicas, as quais têm
consigo um padrão de vibração próprio.
Temos daí que as
"cordas" compõem a matéria. Por sua vez, a Teoria das Cordas e, mais
recentemente, a Teoria-M (que unifica as cinco versões da primeira), nos diz
que a matéria é multidimensionada e calcula 11 dimensões espaço-temporais. Esse
número varia de acordo com a Teoria, podendo chegar a 26 dimensões (Teoria
bosônica das cordas, da qual a Teoria das Supercordas é variante). Segundo a
Supercordas, além das quatro dimensões conhecidas e de uma quinta dimensão
concebida, haveria mais 6 ou 7 extras, tão pequenas, mas tão pequenas, que é
impossível serem experimentalmente detectadas. Além disso, pelo fato de serem
sobrepostas umas nas outras, estariam "comprimidas", dando a
impressão de ser uma dimensão apenas.
O Colisor de Hadrons
poderia tornar viável a comprovação das dimensões extras, a partir da detecção
do "salto quântico" de párticulas subatômicas realizado
interdimensionalmente. Ainda que essa possibilidade não se configure tão cedo
como desejado, o CERN já anunciou a produção de uma matéria cujas propriedades
se encaixam num variante da Teoria das Supercordas: a sopa de quarks-gluóns ou
"sopa primordial".
"Sopa" porque mantem-se em perfeito estado líquido fluidico
quando as partículas fundamentais que a compõem são ultraquecidas a
temperaturas de bilhões de graus centígrados e superdensificadas, a partir do
bombardeamento de íons de chumbo com feixes de prótons. "Sopa primordial"
porque o plasma de quarks e glúons experimental está na origem do universo,
melhor dizendo: teria sido a forma que a matéria tomou nos 10 microssegundos
que sucederam o Big Bang.
O ESPECTRO E O HOMEM DE ANTIMATÉRIA
A toda partícula de
matéria conhecida corresponde uma antipartícula. Para um elétron, um pósitron
(elétron de carga inversa, ou seja, positiva); para um próton, um anti-próton
(de carga negativa); para um nêutron, um anti-nêutron (também de carga nula).
Aqui qualquer semelhança com o Princípio Hermético da Correspondência não será
encarado com mera coincidência.
Supõe-se que durante
o Big Bang deveria ter sido criada a mesma quantidade de matéria e antimatéria.
Porém, ao que parece, tal coisa não aconteceu, pois se acontecesse não
existiríamos, uma vez que matéria e antimatéria quando "misturadas",
se aniquilam, dando formação à partículas matéria-antimatéria dotadas de enorme
energia. De fato, até agora as observações mostram que o universo é dominado
pela matéria.
Mas, então, o que
teria acontecido com a antimatéria?
Ainda que a teoria
conhecida como Matriz CKM tenha ajudado - teoria essa que
"pincela" a assimetria entre matéria e antimatéria, prevendo a
existência de dois novos quarks, o "top" e o "bottom", e que foram depois descobertos (quarks esses formados em hádrons instáveis em aceleração, assim como outros dois tipos, o
"charm" e o "strange") - não é
suficiente o bastante para explicar a superioridade da matéria no universo em
aparente vantagem sobre a antimatéria.
Aqui entraria o
Colisor, para apontar a direção exata, confirmando ou refutando a teoria CKM e
indo mais longe, ao desbravar novos fenômenos que possam afinar o entendimento
do porquê dessa assimetria.
Entender porque a matéria prevaleceu sobre a antimáteria, e daí partir para a "dissecação" da antigravidade, é uma das maiores incógnitas da Física que, somada a outra incógnita, a da matéria e energia escuras, compõem o vasto e complexo material de estudo acerca da expansão acelerada do universo.
O LADO NEGRO DA FORÇA:
MATÉRIA E ENERGIA ESCURAS
Especulam os
cientistas que quase 90% do universo sejam constituídos por esse tipo de
matéria e energia, sendo 73% de energia escura, 22% de matéria escura, e o
restante, 5%, composto por matéria convencional. O problema, no entanto, é
localiza-las com exatidão. Ambas são invisíveis aos aparelhos, não emitem
luz (radiação) ou resposta à luz, tornando difícil detecta-las. A matéria
escura, por exemplo, pode ser detectada apenas pelos efeitos gravitacionais que
provoca ao redor dos massivos corpos celestiais; já a energia escura... pela
expansão do universo - a constante cosmológica de Einstein, que descrevia uma
força antagônica à gravidade, cuja função seria impedir a atração e a colisão
dos corpos cósmicos e galáxias. Essa mesma expansão que, conforme pesquisas,
vem acelerando. Por exclusão e dedução, acreditam os cientistas que, se o
universo está expandindo, isso se deve à energia escura - que, ao contrário da
gravidade, exerce força respulsiva, não atrativa, além de ser abundante no
universo.
O Grande Colisor entraria
na brincadeira para pôr a prova o que acreditam os pesquisadores compor a
matéria escura, sua interação com as demais partículas e a fenomenologia daí
decorrente.
MINI BURACOS NEGROS
Contam as teorias
sobre buracos negros que seria possível formar mini-buracos negros, em
laboratório, a uma imensa energia (de 7 Tev / Tera Eletro-Volt, onde um Tev1
corresponde a 1 trilhão (mil bilhões) de elétrons-volt). Tais
"buraquinhos" teriam curtíssimo tempo de vida, dissolvendo-se muito
antes de poder "abocanhar" um pedacinho suculento de partícula em
suas proximidades. Graças a Stephen Hawking que, por meio da teoria “Radiação
Hawking”, pontuou: quanto menor o buraco negro, mais curto o seu tempo de vida
devido a taxa de evaporação do mesmo - proporcionalmente inversa ao tamanho do
buraco. Ou seja, quanto menor, maior sua irrelevância, mais rápido "se
evapora".
A melhor parte da
história, no entanto, é saber que o LHC já vem colidindo prótons à exata
energia de 7 Tev. Se as teorias estão certas, é possível que já se tenham
criado não um mas milhares, quiçá milhões de mini-buracos negros no interior da
parafernália. Se de fato foram incidentalmente criados em decorrência de
experimentos com aceleração e colisão de partículas, tais mini buracos "evaporaram"
quase que instantaneamente. Com o tempo, os dados amiudemente computados pelo
LHC nos dirão. Até lá, a constatação será a garantia: afinal, ainda
estamos aqui! - ainda que seja mera questão de tempo. Mas, sendo "otimistas", vai que no lugar de um buraco negro criam wormholes (buracos "brancos") do tipo pontes de Einstein-Rosen, para viagens no espaço-tempo intra-universo ou inter-universos? Pela primeira vez, estaríamos mais perto de Argard do que de Nárnia?
Dr. Octopus às vésperas de criar um Buraco Negro "in vitro",
em "Homem-Aranha 2".
Ainda não foi dessa vez.
VIAGEM NO TEMPO, ESSA LINDA!
Alguns especulam
que o Colisor de Hadrons venha se tornar a primeira máquina do tempo. Mas nada
se compara aos descarados físicos Tom Weiler e Chui Man Ho, da
Universidade de Vanderbilt, nos EUA, que desenvolveram a teoria de que, sim, o
Grande Colisor pode se "converter" numa máquina do tempo. Ao menos em
tese.
Mas, espere! Se
você pensou em algo nos moldes da cabine do tempo TARDIS (de 'Doctor Who'), sonho de consumo de todo
mochileiro retrô das galáxias, pense melhor: as possíveis viagens
espaço-temporais serão experimentadas por partículas atômicas. Para os humanos,
apesar de serem um conglomerado delas, esse tipo de experiência continuará
restrito à ficção.
Com a criação do
bóson de Higgs na bem sucedida experiência realizada no LHC, especula-se que
uma segunda partícula hipotética tenha sido liberada. Essa partícula
existente-não existente recebe nome de singleto de Higgs. Em tese, um singleto
de Higgs é uma partícula capaz de "saltar" da quarta para a quinta
dimensão, podendo avançar ou recuar no tempo, a medida que se move de uma
dimensão a outra.
Sendo
diferenciadas, por sua singularidade, das demais partículas conhecidas e
concebidas, os singletos de Higgs poderiam se locomover no espaço-tempo sem que
para isso seus "imaginadores" tenham transgredido quaisquer leis da
Física.
Depois de irmos todos pra baleia,
um dia iremos pro continuum que nos parta.
um dia iremos pro continuum que nos parta.
Antes TARDIS do que nunca!
Tele-aula introdutória "de grátis":
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