- Depois da Marcha das Vadias, vem agora a
"franquia" do FEMEN, o FEMEN BRAZIL.
- É aquele movimento feminista
"importado" da Europa, não?
- O próprio!
- Mas por que não "MULHER" ou
"FÊMEA" no lugar de FEMEN? E por que, diabos, Brazil (com Z) no lugar
de Brasil (com S)?
- Isso não vem ao caso. O que importa é que teremos
seios de fora! Um monte deles!
- Ô! Melhor que isso, só se tiver escolha da mais gata!
- Faz sentido. Se forem "honrar" o FEMEN
ucraniano, onde chove de mulher bonita, bem que poderiam fazer uma seleção
prévia das mais bonitas de topless.
- Bonita ou não, peito de fora assim, aos montões e
"de mão beijada", não rola todo dia, e ainda estamos longe de
fevereiro. Vai ser divertido! E se essa mania pega, teremos nu frontal nas
próximas manifestações feministas!
- A única manifestação que você vai ver de mim, serei
eu no meio da mulherada!
- Assino e compareço! Só por ser Brasil com Z e Mulé
com Femen, eu vou assistir! Tá mó cara de carnaval! E olha lá só o JOIN US!
"Movimento social" mais nacional, impossível!
Dá
o que pensar.
Inevitavelmente,
as mulheres acabam dando aos machos o que eles querem: peitos de fora,
balançando ao doce sabor do atrito. Mal sabendo elas, ou fingindo não se
importar, que os espectadores machos que prontamente se fazem presentes a esse
tipo de "movimento social moderno" não estão ali para apoiar a causa
- se dessem a mínima para a causa, não faziam o que fazem ou não se omitiriam
de fazer o que devem em relação às mulheres e seus direitos -, mas, pura e
simplesmente, para se deliciar com o "espetáculo gratuito" dos seios
- símbolo da feminilidade e da maternidade - expostos, como se de um circo
carnavalesco se tratasse (Carnavale, "carne vale"), para promover e
defender direitos que podem ser discutidos, debatidos e ensinados sem que a
mulher precise "sacrificar" as roupas.
Numa
sociedade patriarcal, calcada solidamente na perspectiva de mundo masculina,
expor o corpo feminino em protestos sociais pró-mulher é dar ao homem
incivilizado, bitolado e sexista, maioria reinante no planeta, motivos de sobra
para questionarem a seriedade e validade da causa, tomando-a como pretexto para
a auto-exposição deliberada. Para eles, é uma atração à parte, um passatempo
colírico, acompanhar a "marcha" dos seios à mostra em pleno dia de
sol, numa semana entediante ou estressante de trabalho.
Dentre
as muitas palavras a ser ouvidas sobre os direitos da mulher e sobre os deveres
do homem, para a maioria masculina e também para boa parte das mulheres guiadas
pela mentalidade machista, a imagem dos seios nus, por mais pura que seja (e
é), ainda grita mais alto no consciente coletivo como algo sexualmente mundano,
pervertido, imoral. E imagens sempre falam mais e calam mais fundo, por mais
justos e iluminados que sejam os discursos.
Diante
disso, a mulher vítima de abusos contra sua feminilidade, no limiar de seu
desespero, começa a achar interessante a idéia de auto-imolar os seios, a
exemplo daquelas mulheres guerreiras do passado.
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