"Certa vez, viveu um leão em uma floresta, um dia ele foi tomar água no córrego e sua pata ficou presa no fundo muito lamacento do córrego e ele não conseguiu se desprender. Ele teve de esperar dias sem comida já que não havia ninguém por perto para ajudá-lo. Certo dia porém, um bondoso chacal estava passando e cavou uma passagem na areia e com a força extra do leão ajudou-o a se libertar da lama do córrego. O leão ficou muito feliz por isto e agradeceu ao chacal por ter salvado sua vida. Ele ofereceu ao chacal uma moradia perto da sua e prometeu alimenta-lo sempre que tivesse conseguido comida. Então o chacal começou a viver com o leão e eles dividiam a caça.
Mas logo suas famílias cresceram e os filhotes vieram." (Em "O chacal que salvou o leão")
Spoilers! Spoilers everywhere!
Enquanto
lia a fábula do chacal que salvou o leão, lembrei de um filme que foi exibido
na Tv há muito tempo, por nome "Jack and the Beanstalk: The Real Story", abordando uma
nova versão do conto de João e o Pé de Feijão. Creio que todos conhecem, mesmo
que superficialmente, o enredo deste tão famoso conto. Contudo, saberíamos
visualizar por trás desses aparentemente "singelos e pueris" contos
da carochinha ensinamentos valiosos e, mais incrível ainda, chaves de acesso ao
Conhecimento Alquímico?
Sim,
isso que você leu. Alquimia.
Chaves
essas possíveis de ver na "nova" versão de João e o Pé de Feijão para a Tv. Os
símbolos alquímicos, gnósticos, esotéricos ali estavam para quem os quisesse e
pudesse ver. E daí, somos levados a enxergar consciencialmente o contexto da
estória.
Na
estória de João e o Pé de Feijão interpretada ao pé da letra, deparamo-nos com
uma realidade virtual descrita a partir de uma concepção materialista do homem,
do mundo e da idéia que faz de um mundo paralelo ao seu e superior. Se não
vejamos.
João,
um menino pobre, e sua mãe não têm o que comer. Vivem em quase que absoluta
miséria material. Ouvindo os conselhos de sua mãe, João sai por aí vendendo e
trocando tudo o que possuem até que, num belo dia, João adquire os feijões
mágicos. Daí então é um pulo para a saga de João. O pé de feijão gigante, a
escalada sem fim, a chegada no "outro mundo", o gigante malvado, a
harpa mágica e o ganso dos ovos de ouro, o grande furto, a fuga, a descida de
João, a queda e morte do gigante. Depois disso, João e sua mãe, de posse dos
ovos de ouro e da harpa, tornando-se ricos, afamados e prósperos. E assim, foram
felizes para sempre!
Absolutamente
"lindo" e tocante... se não fosse tão simplório. A moral da estória?
“Bom... - diria o filho ao pai - a moral da estória seria... roubar e
apropriar-se do que não nos pertence e depois matar o dono? Ou... preferir isso
ao esforço pessoal e tornar-se rico às custas da desgraça alheia? Ou ainda...
colocar as necessidades materiais acima dos interesses... espirituais?”.
No
filme, assim como no conto, essa foi a estória contada aos homens pelo próprio
João e sua mãe. E foi essa a versão passada de geração em geração. Mas aí,
quando estamos nos dando por satisfeitos com o rumo da estória, porque assim a
conhecemos, num determinado ponto do filme tudo muda de repertório. E aí sim,
as coisas começam a fazer sentido, um sentido totalmente alquímico. Então, os
símbolos alquímicos por detrás do novo enredo chovem na tela. É mágico!
Primeiro,
o último descendente de João é levado, pelo karma de sua família, a subir o pé
de feijão. Sua missão é consertar alguma coisa de errado e ruim desencadeada
por João e sua mãe no passado, há cerca de 400 anos do nosso tempo, e
quebrar a maldição, ou seja, os efeitos negativos. Chegando lá ele encontra um
mundo em degeneração, à beira da total ruína, depois que o primeiro João levara
embora dois objetos de valor inestimável: a harpa mágica e o ganso dos ovos de
ouro. A harpa simboliza a Harmonia, agente feminino, ou Vishnu, responsável
pela manutenção da Criação. O ganso representa o Logos Criador, no seu
arquétipo masculino; e seus ovos, obviamente de ouro, o elemento máximo da
Alquimia, simbolizam o impulso criativo sempre constante e progressivo. A
harpa, o ganso e os ovos de ouro também representam as riquezas (atributos) do
Espírito em sua perfeição.
Quando
Harmonia, a harpa de ouro, tirava uma canção (de si mesma) tudo florescia, a
vida mostrava-se bela e abundante (como de fato é) aos olhos de quem via. E só
quando Harmonia tocava, o Ganso (a Mente do Criador) relaxava e sentia-se a
vontade para botar os ovos de ouro (criar, gestar, manifestar).
Nessa
"nova" versão, os ovos eram derretidos em um forno também de ouro. Se
por um instante os ovos deixassem de ser levados à fornalha, o fogo deixaria de
existir e com ele o próprio mundo. Haveria então, desequilíbrio de cima para
baixo. E tudo o que fosse afetado no céu seria proporcionalmente afetado na
terra.
Segundamente,
João, diante de um Conselho de gigantes, fica a par dos fatos tais como
aconteceram. Esse Conselho era formado por uma hierarquia de seres evoluídos,
responsáveis, cada um, por uma tarefa específica na sustentação de seu mundo.
Desse modo, víamos Mestres (deuses) do fogo, da água, do espaço, do ar, das
Leis, ou Senhores e Senhoras da fauna, flora, etc. Gigantes porque eram
criaturas superiores, evoluídas, que haviam alcançado um estado de perfeição
consciencial que os tornava potestades. Claro, nesse mundo acima das
nuvens, muito além do nosso olhar, existiam homens e mulheres pequenos em
estatura. Eram regidos pelos gigantes, sábios e justos. Todos amavam-se
mutuamente.
Terceiramente,
o gigante não era mau. Pelo contrário, era extremamente bom, puro, nobre de
coração, inocente e manso como um cordeirinho. Isso faz sentido. Porque o mundo
e o castelo e o povo acima das nuvens representam uma realidade superior, em
todos os aspectos, à realidade do homem da Terra.
É
justo que o gigante fosse tão superior quanto o seu lugar de origem. Se não o
fosse, pela lógica, não estaria lá e nem seria tão alto assim.
Esse
gigante ao invés de tratar mal o 'povo pequeno' que servia no castelo, zelava
por sua felicidade, e todos o amavam. Ao contrário da estória
"original", o gigante não era egoísta, não era ignorante, e não vivia
a esconder num baú os seus tesouros mágicos (a harpa e o ganso), guardando-os
só para si. Ele, na verdade, fazia parte do Conselho e era o zelador dos
tesouros, que não pertenciam a ninguém especificamente mas, à Ordem Natural do
mundo.
Quando
o primeiro João levou embora a harpa e o ganso, o gigante, tal como Jesus
crucificado pedindo o perdão de Deus aos homens, disse: "João! Você não
sabe o que faz." E de fato, não sabia. Não sabemos.
E
lá foi João, com a harpa e o ganso na sacola, pensando transforma-las em
agentes de seu enriquecimento material, quando, na verdade, cavou a própria
maldição (leia-se karma negativo). Afinal, não é isso o que acontece quando
distorcemos os valores, colocando o que é inferior acima do que é superior, e
convertemos os "dons" do espírito, o seu poder, a sua força, a
sua pureza, ou seja, suas riquezas em alimento para o Ego, como se jogassemos
pérolas aos porcos? Assim fez João com os tesouros. Viu-os não como são mas,
como lhes convinha: com os olhos da carne, da cobiça e ganância materiais, dos
desejos mortais. O mesmo ocorre com o Iniciado que procura chegar a graus
elevados sem antes passar pelos mais básicos. Ele não sabe o que faz e quando
faz sem saber... xiiiii, fedeu!
Interessante
isso. Os Tesouros Celestiais quando em mãos certas, trazem Felicidade mas, se
utilizados por pessoas não preparadas, proporcionam um efeito inverso. É a prova
cabal de que de uma mesma fonte nascem expressões (aparentemente) opostas.
A
Sabedoria é a uma só e o Entendimento é uma escada para o Eterno.
Vi esse filme faz tempo, gostei mas não dei muito por ele. Talvez porque nunca me ocorreu tudo isso que vc vislumbrou. Vc é esoterica? pertence a alguma sociedade secreta? Algumas coisas que vc citou soaram como algo proprio de pessoas com base ou formação esoterica. Adorei a analise!
ResponderExcluirTenho contado nos dedos da mão direita as pessoas que assistiram a esse filme. Hoje, você inaugurou o dedo polegar da mão esquerda. XD Interessante me perguntar se sou esotérica ou se participo de alguma sociedade secreta, a partir da análise-meia-boca que fiz. Sua pergunta me diz que você tem, pelo menos, noção o que são assuntos esotéricos. O que é bom, muito bom. Manter a mente aberta é, ultimamente, algo difícil de se ver, nestes tempos de "estreitismo mental". Mas respondendo sua pergunta... digamos, em suma, que sou uma estudante do Oculto. Isso já diz muito. XD "Obrigado pelos peixes" e volte sempre!
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